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  • Foto do escritorBruno Crispim

grandes personagens evoluem – o famoso Arco Dramático

Atualizado: 13 de set. de 2022





Quando acontece algo relevante nas nossas vidas, nós mudamos de alguma forma. Para melhor ou para pior. De forma drástica ou tão suave que nem nós mesmo percebemos. Mas nós sempre mudamos.


Com as personagens de uma história deve acontecer o mesmo. Em especial com o protagonista. E, como em uma história, toda ação tem que ser relevante, as personagens devem ser expostas a pequenas mudanças constantemente.


Essas mudanças levam ao desenvolvimento da personagem – o seu Arco Dramático.


Por razões estritamente didáticas, vamos tratar especificamente da evolução dos protagonistas. Contudo, vale lembrar que, mesmo não havendo espaço para o desenvolvimento completo de todas as personagens da trama, você deve buscar a evolução, pelo menos, dos mais importantes.


O protagonista é a personificação do enredo. Tudo o que acontece na trama central tem o objetivo de levar o protagonista a uma ação, ou resulta de uma ação dele. Não é à toa que, para construir um bom enredo, você precisa conhecer muito bem a sua personagem principal. E para você conhecê-la bem, você precisa saber:


SEU PROPÓSITO DE VIDA

O que o seu protagonista deseja acima de tudo? Vingança, justiça, paz? Qualquer coisa que ele queira com toda a sua alma, e não tem, pode ser o seu propósito. Grandes propósitos levam a história para um caminho épico; pequenos, para uma trama envolvente e intimista.


OBSTÁCULO AO PROPÓSITO

Também conhecida como força antagonista. É o que impede o protagonista de cumprir o seu propósito. Sem esse obstáculo, ele simplesmente teria o que quisesse e não haveria história. Grandes obstáculos levam a história para o épico; pequenos, para o intimista.


O QUE ESTÁ EM JOGO

E se o herói não conseguir o que quer, qual são as consequências? O mundo acaba, um grupo de pessoas será vítima de uma bomba, ele perde a guarda do filho? Grandes riscos levam a história para o épico; pequenos, para o intimista.


SEU LADO BOM

Mesmo que o seu protagonista seja um anti-herói cruel e sanguinário, existe alguma coisa boa nele. Essa humanidade construirá empatia com o leitor. Cabe alertar que personagens boazinhas demais correm o risco de serem chatas.


SEU PRINCIPAL DEFEITO

Ninguém é perfeito. Todo mundo erra. O caminho nunca é reto. Então, o seu protagonista precisa errar, perder e atrapalhar a missão também. Todas as demais partes são importantes, mas é o defeito que torna o herói humano. Ele é o principal fator de empatia com o leitor.


QUEBRA DE CONSISTÊNCIA NO COMPORTAMENTO

Essa é uma questão delicada e raramente é encorajada pelos escritores e editores. Mas é a cereja no bolo do desenvolvimento do personagem. Ninguém é sempre a mesma pessoa a todo momento. Ninguém segue pelo mesmo caminho todos os dias.


Às vezes agimos de uma forma que contraria as nossas crenças e atitudes rotineiras. Às vezes, gritamos, explodimos por nada. Ou ficamos calmos em uma situação que ontem nos desesperaria. Depende do humor que estamos. Depende de que sonhos tivemos. Dependendo de uma infinidade de coisas, podemos perder o controle.


Da mesma forma, o seu herói no melhor estilo máquina-de-guerra pode se cansar de matar por um segundo. Pode mostrar o seu lado frágil e chorar por alguém que o lembre de sua mãe. Pode virar a arma para os seus superiores e querer acabar com a guerra matando os soldados dos dois lados.


Costumamos falar que o erro é humano, mas uma falta de coerência eventual é ainda mais humana que o erro. Se você aceitar esse risco, a sua personagem pode ficar parecendo bipolar ou, se você for bem-sucedido, uma pessoa de verdade.



>>> E se você quiser ver arcos dramáticos bem construídos na prática, eu recomendo a leitura do meu romance fantástico Kaito: reze por uma boa morte - que foi eleito livro do ano pelo Prêmio Book Brasil.


Além da gamificação do Apocalipse e de um passeio por uma Tóquio infestada de ghouls, você vai conhecer uma história construída para não permitir que os leitores larguem o livro. E muito disso é feito através do arco dramático de um protagonista que começa e muito infantil e precisa crescer para se tornar uma herói.


Depois me fala se Kaito errou o suficiente para aprender o que precisava :)

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