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  • Foto do escritorBruno Crispim

seja o autor que as editoras querem!

Atualizado: 13 de set. de 2022


Guia do Escritor de Ficção


O mercado editorial brasileiro tem muitas peculiaridades, mas com frequência reproduz o mercado norte-americano de livros. Copiamos tendências estadunidenses e traduzimos os livros que fizeram sucesso lá.


Particularmente no que se refere ao escritor brasileiro, desde à procura por uma casa editorial, os mercados se diferem bastante.


Nos Estados Unidos, os escritores têm um intermediário importante – o agente literário. Este profissional recebe pilhas query letters – uma carta de apresentação do livro – e, pasmem, não só as lê como as respondem. Sempre procurando por escritores, ela(e) faz a triagem dos originais e contata as casas editoriais que mais aderem à obra.


No Brasil, existem poucos agentes literários. São menos ainda os dispostos a ler originais de escritores desconhecidos. Os agentes mais renomados deixam isso claro sempre que vão à mídia. Como ganham uma participação dos direitos dos escritores, eles focam em clientes que tenham vendagem imediata garantida, como celebridades, escritores consagrados ou herdeiros de direitos autorais. Assim, miraram na representação e negociação de direitos. A procura de uma casa editorial só acontece em momentos de troca.


Os poucos agentes sérios que surgem, inicialmente abertos aos escritores iniciantes, não conseguem dar vazão ao fluxo de originais. Logo ficam cheios de clientes e se fecham também.


É nesse momento em que aparece a figura dos agentes literários que vivem de serviços pagos pelos escritores iniciantes e que, muitas vezes, não têm entrada com as editoras. O resultado é a frustração inequívoca dos escritores.


Essa, entretanto, não é uma anomalia do mercado editorial brasileiro.

Qualquer mercado pequeno, de qualquer setor, carece de intermediários. Estes aparecem quando os mercados ficam grandes demais para as empresas tradicionais lidarem com a demanda. No caso do mercado editorial americano, as editoras ficaram tão grandes que perderam a eficiência na busca por escritores. Os agentes se especializaram na solução dessa ineficiência e permitiram um corte de custos importante para as casas editoriais.

Seguindo este raciocínio, é de se esperar que o mercado brasileiro chegue neste patamar em algum momento.


Existe, contudo, um complicador no nosso mercado: o preconceito com as obras nacionais contemporâneas. Este sentimento habita editores (muitos já deram provas públicas) e leitores, e é o grande entrave à prosperidade da literatura nacional – ao lado do número limitado de leitores.


E não adianta apontar culpados.

Os próprios escritores muitas vezes leem apenas livros estrangeiros ou emulam histórias estrangeiras. Nem tampouco reclamar dos editores. Eu tive a oportunidade de assistir e ler relatos de alguns que, em acessos de honestidade, reclamaram que nunca encontraram um livro que valesse a pena publicar na pilha de originais.


Logicamente, que se você procura por algo sem acreditar que pode achá-lo, grandes são as chances de você não o encontrar. É o chamado viés de confirmação – a tendência de interpretar um fato novo de modo a confirmar suas crenças anteriores.


Mas, essa desconfiança de profissionais experientes e gabaritados com as obras recentes deve acender pelo menos dois alertas na cabeça dos novos escritores brasileiros.


Primeiro: é normal que exista alguma razão por trás dos ressentimentos. Portanto, invista muito tempo na qualidade do texto e o deixe impecável. Se o avaliador achar algum erro, principalmente no início, ele pode acreditar que o resto do original também é falho. Esse, inclusive, é o conselho do autor best-seller James Patterson: “Invista sempre no produto – o livro”.


Segundo: se essa porta está fechada não adianta tentar arrombá-la, é preciso encontrar outra entrada ou uma maneira de destrancar a fechadura. E, para isso, é importante conhecer com profundidade como funciona o mercado editorial, as pessoas que o constitui e o que elas querem do escritor. Eu adianto: que vendam livros.




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