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Foto do escritorBruno Crispim

você é um escritor atrativo?

Atualizado: 13 de set. de 2022


- Guia do Escritor de Ficção


O que paga as contas de uma editora são os livros que vendem grandes tiragens - dezenas ou centenas de milhares de exemplares.

Uma vez que o autor brasileiro iniciante raramente vende mais de mil livros, publicar este escritor é um grande risco e tende a ser uma receita irrelevante para a editora.


Sob essa perspectiva, só faz sentido publicar um escritor iniciante se:

- Ele já tiver um grande público que possa ser convertido (caso dos youtubers, por exemplo).

- Houver interesse em desenvolver a carreira do escritor no médio ou longo prazo.


Os dois casos são raros e as editoras se concentram em duas estratégias: publicar livros com grande potencial de vendas e eliminar custos (e riscos).


A primeira começa em selecionar e investir em livros com grande potencial de vendas. Normalmente, são best-sellers do New York Times (se tiver com filme em fase de produção, melhor) ou de celebridades. O direito dessas obras é muito caro. Por isso, para garantir que o investimento seja superavitário, muito deve ser investido em duas frentes. Grandes tiragens para ganhar escala e, consequentemente, diminuir o custo unitário de impressão. E publicidade para garantir que esses tantos livros sejam vendidos. Esse grupo de livros custa caro, mas tem o potencial de dar um retorno expressivo à editora – e custear os livros deficitários.


A segunda foca em aumentar o rigor na seleção de originais. Não na qualidade do texto, necessariamente, mas na capacidade de vender. Procura-se por pessoas ou histórias com potencial de romper sozinhas as 2 mil vendas em um ano. Assim, reduz-se à quase zero os investimentos em marketing, principalmente para os livros de maior risco. Esses livros, com tiragens, custos e riscos similares, são geridos com um só. Ainda que a venda de um deles não ultrapasse os 2 mil livros vendidos, como um grupo, são capazes de pagar a operação das empresas mais eficientes.

Contudo, todas as estratégias têm seus riscos e custos. Com essas não é diferente.


Por exemplo: existe uma concentração natural dos recursos da editora em poucas obras. Além disso, a previsão de venda e a gestão de portfólio dessas empresas não têm uma base quantitativa sólida. São, em sua maioria, baseadas em experiência e no feeling do publisher.


As editoras também buscam seguir tendências de mercado e raramente as criam. A consequência é que perdem a parte mais lucrativa da tendência, pagam caro por direitos que já foram quase gratuitos, imobilizam uma parte considerável do capital em ativos que tem vida curta. Se um punhado de “apostas” não derem certo, a empresa pode ficar seriamente fragilizada – algo que acontece com frequência.


Foi o que aconteceu com muitas editoras que apostaram nos livros de colorir (início dos anos 2010) e nos livros de youtubers (meio dos anos 2010).

Mas, se o processo deu certo por tanto tempo, por que mudar?

Porque o processo é custoso e arriscado no longo prazo ao criar profissionais conservadores, avessos à erros e à riscos e acostumados à seguir, nunca à liderar. Profissionais que não sabem lidar com crises.

Ano após ano, a lucratividade das editoras vinha sendo espremida. Sobrava menos margem para erro. Então, as crises vieram. A do fim das compras do governo. A da falência das livrarias. A do fechamento de todos os pontos de venda.


Sem uma mudança de paradigma, a saúde financeira delas não vai durar muito tempo.


Incentivar uma geração de escritores nacionais pode ser uma forma de quebra este ciclo.

O investimento inicial – adiantamentos de direitos autorais – é pequeno, quando existe.


A presença local e a proximidade das suas histórias com a cultura brasileira são atrativos fortes para os leitores. Principalmente para o público adolescente e jovem adulto.


Além disso, temos alguns autores que vendem milhares de exemplares com relativamente pouco investimento em marketing. Vendas com crescimento robusto. Exemplos como Ray Tavares, Vinicius Grossos e Raphael Montes, entre outros, mostram que o modelo é viável.

É o que diversas editoras têm buscado fazer.


Entretanto, investir não se limita à pagar pela impressão e distribuição. É preciso gastar tempo e dinheiro na divulgação individual de cada um dos livros. Às vezes, até investir na formação desses profissionais.


Sem investimento, a maioria dos livros nasce natimorto – o que é verdade tanto para os nacionais quanto para os bestsellers americanos.




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