Um conselho dado de forma quase unânime é: escreva todos os dias.
Em blogs, podcasts, canais, livros ou em qualquer outro espaço que se fale do ofício de escrever livros, a palavra da salvação para o escritor é construir um hábito diário de escrita.
O pequeno esforço diário que trará um resultado enorme no longo prazo. Inclusive aqui no GUIA, pelo menos uma vez eu publiquei uma citação de Ray Bradbury que atenta para a importância dessa constância na carreira do autor.
Não é por menos. Hoje, já não se refuta a ideia de que, quanto mais você exercita a escrita, melhor você escreve. E se você escrever uma hora por dia, no final de um ano, você despendeu tempo equivalente a uma pós-graduação inteira.
Mas, será que uma hora por dia é o suficiente para você reler a história, reconquistar o tom do dia anterior e ainda produzir algo significativo para uma narrativa longa?
ESCRITA POR PROJETO
Não à toa, apesar de ser lógico, é bastante raro que os escritores profissionais produzam em pequenas doses diárias. Tanto para brasileiros quanto para norte-americanos, o comum é que os autores trabalhem com projetos – mesmo sem saberem disso.
Em um projeto, você aloca os recursos – no caso, tempo e esforço – em função da urgência de cada tarefa, por um prazo determinado.
No caso da escrita de um romance, onde prazos intermediários são de difícil avaliação, o que conta é o objetivo final – terminar o livro. Este prazo final pode ser atribuído por um agente, uma editora ou ser auto imposto.
Sabe quando você tem uma prova e um trabalho final marcado desde o início do semestre, para cada uma das suas matérias, e, ainda assim, você espera o último minuto possível para começar a estudar? É assim que os escritores profissionais costumam funcionar. Um mês antes do prazo final, começa a temporada de viradas de noites para conseguir terminar à tempo.
Não há quem possa defender esse modelo como o melhor modelo para a sua saúde física ou mental. Mas não podemos ignorar os benefícios para a produtividade e para a própria escrita. Esse desespero favorece a imersão do escritor em sua obra. E esse foco costuma trazer mais profundidade à trama e às personagens.
Mas há um custo a ser considerado também. É comum que os autores que trabalhem assim passem por um burnout (ou esgotamento profissional) e fiquem alguns meses sem conseguir escrever.
Mas existe uma terceira opção, que mescla os dois primeiros métodos.
Nela, você cria um hábito de escrita forte, além de ter o tempo necessário para imergir na história. Esta alternativa é separar um ou dois dias inteiros da semana para escrever. Uma forma alternativa para quem estuda ou trabalha é separar o sábado (e/ou o domingo) exclusivamente para o seu livro.
Algo essencial para que esta terceira forma de produzir dê certo é bloquear a sua agenda. Cada compromisso ou interrupção que consumir quinze minutos do seu tempo, que seja, tirará a sua atenção. Você perderá o dobro desse tempo para retomar o foco.
Logicamente, que o que funciona para um pode não funcionar para o outro.
Stephen King escreve todos os dias, quase o dia inteiro, durante quase toda a sua vida – uma exceção que deve ser comemorada pelos seus fãs.
O que eu recomendo é que você teste essas três formas de trabalhar de coração aberto – e qualquer outra que você vier a conhecer ou desenvolver. Escreva todo dia. Persiga um prazo com foco total. Misture e adapte as duas opções anteriores. Teste. Teste até encontrar o que melhor funciona para você.
Você já tentou escrever todo dia? Funcionou para você?
Já teve um prazo apertado para escrever? Como foi?
Testou escrever o sábado inteiro – todos os sábados por dois meses?
Comments